quinta-feira, 1 de março de 2007

A África é aqui!

Parece que às vezes o universo conspira contra nós para nos fazer refletir ...

Recentemente assisti ao filme Hotel Ruanda para logo em seguida assistir a Diamante de Sangue.

Creio que seja impossível a uma pessoa normal permanecer indiferente à dor e sofrimento retratados nestes filmes.

Hotel Ruanda relata fatos verídicos que transcorrem durante o conflito étnico entre Hutus e Tutsis que assolou Ruanda.

Diamante de Sangue é uma denúncia ao sofrimento que a exploração ilegal de diamantes, e de resto as demais riquezas daquele continente, impõe ao povo.

São muitos os males que historicamente afligem este sofrido continente. Em especial a África sub-saariana. Fome, miséria, discriminação racial, doença e ignorância institucional.

A eles soma-se um sofrimento ainda mais nefasto, porque poderia ser facilmente erradicado pela solidariedade e respeito ao próximo.

É a exploração física e a humilhação moral.

Não vem de hoje. Nem começou com os brancos imperialistas. Mas se alimenta do mesmo tipo de preconceito e ódio racial que historicamente alimenta os conflitos árabes.

Se antes os africanos eram capturados e vendidos como escravos agora se tornaram escravos do medo e da desesperança.

Parecia que a segunda grande guerra sepultaria de vez estes comportamentos deploráveis.

Parecia que a ciência, a tecnologia e o pensamento moderno libertariam de vez a alma humana destas mazelas.

Parecia...

Mas infelizmente, como erva daninha, eles insistem em continuar infestando o jardim de nosso paraíso capitalista.

Nós brasileiros nos consideramos afortunados. Não somos acometidos de tragédias naturais, pragas devastadoras e ainda estamos livres destas ocorrências desumanas que acometem outros povos.

Ledo engano.

Em São Paulo homossexuais são espancadas por grupos de jovens intolerantes com os mesmos requintes e crueldade que caracterizavam a ação de grupos nazistas.

No Rio uma criança é arrastada e morta com a mesma insensibilidade com que se cometeram atrocidades em Ruanda.

Em todas as cidades a ação de gangues afronta diretamente o poder das autoridades constituídas num claro sinal de caos institucional tal como se observa nas revoluções e conflitos africanos.

Para os países, ditos de primeiro mundo, a América Latina é o fim do mundo. O esconderijo perfeito para ladrões, malfeitores e desocupados de todo gênero.

A África então, está para lá do fim. Já não pertence a este mundo.

Olhando ao redor, acompanhando as notícias não dá para evitar se perguntar se a África não é aqui.

Nenhum comentário: