quarta-feira, 30 de julho de 2008


Acabou a novela.
Bandido preso ou morto.
Bandida enlouquecida.
Mocinho fica famoso.
Mocinha com mocinho se casa.
Pobre fica rico.
Rico fica sem nada.
Todo mundo feliz para sempre,
até segunda-feira.

Franquias, crescei e multiplicai-vos...

Em 1977 Star Wars se converteu num massivo sucesso de mídia e George Lucas foi saudado como o precursor de uma nova era para a indústria do entretenimento.

De fato, o talento criativo e a capacidade empreendedora de Lucas foram determinantes para definir o formato que doravante seria adotado para administrar as franquias de cinema e televisão.

Mas a idéia central de desenvolver um segmento completo de produtos culturais e mercadológicos em torno de uma idéia central bem sucedida teve início pelo menos uma década antes que Luke Skywalker e Darth Vader cruzassem seus sabres de luz.

Nos anos sessenta, “007” já apresentava muitas características que hoje evidenciam uma franquia bem sucedida, embora não tivesse, ainda, repercutido em outras mídias e produtos.

Tudo começou a mudar em 1968 com a super-produção “O Planeta do Macacos” que se tornou um grande sucesso de bilheteria e uma febre mundial.

Na esteira de seu sucesso, a 20th Century-Fox escalou o mesmo elenco de consagradas estrelas e aproveitou os caros e elaborados figurinos e cenários para encenar uma continuação do épico apocalíptico.

Os macacos se tornaram uma febre mundial e acabaram gerando três outros filmes de qualidade decrescente, uma curta série televisiva, séries de animação e quadrinhos, um vasto conjunto de produtos de consumo como jogos, brinquedos, cards, figurinhas e até outros programas inspirados pelo mesmo tema, como o humorístico brasileiro “O Planeta dos Homens” e o filme “Os Trapalhões no Planeta dos Macacos”.

Ou seja, em 1977, a experiência de produzir franquias já existia, mas faltava aprimorar a fórmula e explorá-la à exaustão. Foi o que George Lucas fez com maestria e talento sem precedentes.

“Star Wars” foi seguido por outros dois filmes de qualidade, sucesso e arrecadação retumbantes.

O sucesso da experiência foi rapidamente seguido pela indústria de cinema que passou a produzir seqüências de inúmeros filmes de sucesso, e de outros nem tanto.

Foi assim que franquias como “Aliens”, “Tubarão”, “Rocky”, “Rambo”, “O Poderoso Chefão”, “Jornada nas Estrelas”, “Indiana Jones”, “Superman”, “Batman”, “De Volta para o Futuro” e outras tantas foram construídas e desenvolvidas.

Nos Estados Unidos, as continuações foram batizadas de “SEQUEL” e passaram também a denominar as produções do cinema que migravam para a TV, como “Battlestar Galáctica” e “Stargate”.

Mais recentemente, as produções de grande potencial mercadológico já começaram a ser concebidas para produzir “Sequel’s”, como as franquias derivadas dos quadrinhos (“X-Men” e “Homem-Aranha”), da literatura (“Senhor dos Anéis” e “Harry Potter”) ou mesmo criações inéditas (“Piratas do Caribe”).

Quando sua franquia começou a apresentar evidentes sinais de esgotamento, George Lucas mais uma vez produziu nova revolução ao focar o desenvolvimento de novos produtos numa linha temporal anterior aos acontecimentos dos eventos originais.

O criador de “Star Wars” já experimentara este retorno ao passado quando produziu para a tela pequena uma série que mostrava a formação do jovem que se tornaria o grande arqueólogo “Indiana Jones”.

Essa tendência de criar histórias anteriores multiplicou-se no cinema e na TV e ganhou o nome de “PREQUEL”.

Pouco se falou, entretanto, que a convergência de “Sequel” para “Prequel” foi também primeiro explorada em “De volta ao Planeta dos Macacos”, terceiro filme do épico simiesco. Isso mesmo, novamente os macacos foram os primeiros a gerar um filme seqüência que abordava eventos numa linha temporal anterior à da obra original.

Esta combinação de fórmulas para o desenvolvimento de franquias continua sendo amplamente utilizada e não deve ser abandonada tão cedo.

“Hannibal – A Origem do Mal” recentemente foi explicar a construção da mente doentia de “Hannibal Lecter” de “O silêncio dos inocentes”.

“Jornada nas Estrelas” que já se notabilizara por vulgarizar viagens temporais, construiu toda uma série de televisão (“Enterprise”) para explicar (ou complicar?!) a construção de seu universo ficcional.

Recentemente, começou a surgir uma nova e curiosa tendência, que por falta de termo melhor tenho denominado de “Reload”.

Trata-se da retomada da idéia original de um universo ficcional, recondicionado para uma nova geração de expectadores e consumidores.

Tome-se recentes sucessos de cinema como “Batman Begins”, “Batman – O Cavaleiro das Trevas”, “007 – Cassino Royale” e sua continuação (“Quantum of Solace”). São produções que não se detém ao pretérito dos eventos originais, chegando a recontruir o universo ficcional , alterar de eventos biográficos e abordar um novo viés psicológico dos personagens.

Alguns poderiam dizer que são apenas refilmagens, mas elas dão um passo além.

As refilmagens ou “Remakes”, se caracterizam por um roteiro reinterpretado por novos atores, com novas técnicas de fotografia, direção, etc.

No “Reload” os princípios essenciais são preservados, mas todo o resto está sujeito a transformações que aproximam o enredo do público atual.

A experiência mais bem sucedida até o momento foi a série “Battlestar Galáctica”, que na nova produção para a TV manteve tão somente a idéia central, mudando praticamente tudo, até o sexo de seus personagens.

Antes de prosseguir, é importante registrar que “O Planeta dos Macacos – a série” também já havia empregado esta fórmula ao recriar para a TV o universo dos símios com mudanças que permitissem a extensa exploração do tema com mais liberdade e menores custos de produção.

Recentemente foi anunciado um “Reload” da série “Jornada nas Estrelas”, mais precisamente do relacionamento entre “Kirk” e “Spock” que protagonizam a série clássica numa tentativa de recuperar o prestígio e o sucesso que a franquia já teve no passado e que tem sido abalado pelo desgaste da fórmula e pelo envelhecimento de seu público.

A idéia em si parece boa, apesar de nostálgicos relutarem em aceitar novos rostos para encarnar personagens caros às nossas memórias. Mesmo assim, é possível acreditar em bons resultados de empreendimentos do gênero.

Afinal, salta aos olhos a capacidade aparentemente inesgotável que a indústria do entretenimento tem, de recuperar e reciclar velhas fórmulas de sucesso para prosseguir explorando os temas de suas franquias.

Quando esta prática nos brinca com produtos de qualidade, todos saem ganhando.

No Brasil praticamente inexistentem experiências como estas.

A mais bem sucedida é sem dúvida “A Grande Família”, série televisiva dos anos setenta que sofreu um “remake” em 2001 mas que passou por transformações que poderiam caracteriza-la como um “reload”. O conceito de franquia começou a colar neste produto quando foi lançado em 2007 o filme com o mesmo tema.

Com muito esforço seria possível incluir o comercial-longa-metragem-televisivo “Carga Pesada”, mas seria pegar pesado demais.

No caminho inverso, migrando da tela grande para a pequena, o filme “Cidade de Deus” resultou na produção de duas temporadas da série “Cidade dos Homens”, embora neste caso o conceito mais adequado seja o de “spin-off”, termo que a crítica americana utiliza para designar séries ou produtos derivados do mesmo universo ficcional, mas não exatamente com os mesmos argumentos dramáticos.

Existem ainda alguns outros poucos exemplos (“Garota Dourada”, “Irma Vap – O Retorno” que migrou do teatro para o cinema), mas que não chegam a caracterizar franquias, sendo apenas obras com inspiração em outras.

SEquel, PREquel ou Reload, não importa. O que importa é aproveitar as lições do passado, investir em novos talentos e produzir boas idéias.

A fórmula tem funcionado. Cinemas lotados e produtos diversos garantem os lucros das grandes produtoras. Tudo isso como resultado do que os “macacos” começaram anos atrás. É como dizia o refrão de abertura do programa “Planeta dos Homens”: - “O macaco tá certo!”

terça-feira, 15 de julho de 2008

Lista negra do Buscapé


Quem compra produtos pela internet sempre corre o risco de ser enganado. Demora na entrega, produtos que não correspondem à oferta, calote puro e simples.
A lista negra do Buscapé ajuda a evitar o mico nas suas compras online.
Pode até não eliminar dores de cabeça, mas pode evitar prejuízos.
É um passo importante que pode ajudar a moralizar o comércio na rede.
Imagine que se uma loja inescrupulosa for boicotada, ela se ajustará ou acabará fechando as portas.
Mas, se reabrir as portas com outro nome aí então já é caso para a polícia e para a justiça.

Da próxima vez, antes de comprar consulte:
http://www.buscape.com.br/nao_recomendadas.asp

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Olympia

Praça Itália
Cascavel - PR

"Talvez este mundo seja o inferno de outros planetas."
Aldous Huxley

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Saindo bem na foto

Causou comoção a história de Ubirajara Gomes da Silva, morador de rua do Recife que aos 27 anos foi convocado para trabalhar no Banco do Brasil. (leia a matéria na íntegra)

Aprovado na 136ª posição ele assumirá o cargo de escriturário com salário inicial de R$ 942,90.

Uma conquista que merece os nossos mais efusivos aplausos.

Histórias como estas dão ao concurso público o caráter de universalidade que garante igualdade de condições a todos os cidadãos e o direito ao seu progresso em todas as frentes.

Justamente por isso, ele foi alçado à condição de panacéia para os males que assolavam o ingresso no serviço público e como instrumento contra a ineficiência do estado.

Definitivamente ele não é.

Sua proliferação indiscriminada gerou a indústria do concurso público que se retro-alimenta de candidatos em busca por cargos públicos numa espiral de cargos mais nobres e salários maiores.

Um concurso público é como uma fotografia. Reunimos aquele enorme grupo de pessoas heterogêneas, pedimos que se espremam para caber na foto. Nos afastamos e "click".

O que o retrato revela são pessoas vistas à distância, despidas de sua essência humana. Estáticas. Algumas de olhos fechados, boca aberta, cara assustada. Outros, bem treinados, exibem sorrisos plásticos e inexpressivos. Todos, sem exceção, caricaturas de si mesmos.

Tanto quanto uma fotografia, por melhor que seja, não retrata a essência de uma pessoa, um concurso não tem também este condão.

Talvez por isso os "reality shows" façam tanto sucesso atualmente enquanto programas que cobrem concursos de beleza, por exemplo, estejam em decadência. Os primeiros acompanham a "trajetória" do candidato, suas máscaras caem, suas artimanhas aparecem e o público consegue escolher o melhor, ou no caso de tais programas, o "menos pior". Concursos de beleza são tão superficiais quanto a maquiagem de suas candidatas. Não permitem auscultar o íntimo dos participantes, expor sua moral, conhecer suas idéias, identificar suas potencialidades.

O concurso, como de resto qualquer outro teste, possui uma eficiência muito limitada na avaliação das características gerais do candidato. Decorre daí que ele deve ser apenas um dos instrumentos utilizados no processo de seleção do candidato.

Outros são os testes psicotécnicos, de provas e títulos, currículo, avaliação psiquiátrica e tantos mais quantos forem necessários para conferir à escolha o melhor caráter seletivo.

O processo seletivo das organizações públicas ignora a necessidade de avaliar no tempo o desempenho e a qualificação do candidato.

É preciso abandonar a fotografia e adotar o cinema. Ou seja, é preciso adotar no âmbito do serviço público o verdadeiro conceito de carreira funcional em lugar da multiplicidade de cargos estanques.

Carreiras pressupõem que o servidor ao longo de sua jornada de progresso funcional adquira conhecimento, experiência, aprimore talentos, desenvolva qualidades e responsabilidades, através de um processo de formação continuada aliada a processos de avaliação contínua.

Carreiras garantem que este progresso de qualificação habilite o servidor a ocupar cargos de maior responsabilidade, o desempenho de atividades mais complexas, que exigem melhores qualidades técnicas e profissionais, numa equação diretamente proporcional à remuneração e comprometimento ético com a instituição.

É injusto exigir que o servidor público já aprovado em concurso público tenha que se submeter a novo concurso para auferir progressos em sua carreira funcional, desprezando os anos de serviço prestado no âmbito de sua organização.

Equivocadamente, muitas organizações sindicais e associações de servidores combatem esta idéia. Temem que a adoção de carreiras represente um retrocesso ao "barnabelismo". Argumentam também que o instituto da avaliação de desempenho seria facilmente empregado como instrumento de opressão e perseguição funcional.

A própria administração pública aventa o risco de que o funcionalismo público se torne lento e ineficiente.

Todos estes argumentos decorrem das práticas e comportamentos comuns à administração e ao funcionalismo pública do milênio passado. São argumentos eivados de profissionalismo e responsabilidade administrativa.

Modernamente, a administração busca maior eficiência e autonomia ao mesmo passo em que o servidor busca competitividade e valorização. Não são falácias acadêmicas, mas decorrências de uma sociedade alicerçada na diversidade de oportunidades, produtos e informações.

A velocidade com que os fatos se sucedem é diretamente proporcional à volatidade dos valores de instituições, práticas e técnicas administrativas.

Inseridas nesta era do conhecimento e da informação, as pessoas estão acostumadas e até ansiosas por formação e avaliação constante. Sentem que isto as torna mais fortes e adaptadas a um mundo de constantes transformações.

Até que se encontre uma forma ainda mais eficiente para o ingresso no serviço público, é justo que se utilize o instrumento do concurso público.

Mas restringir a apenas este instrumento o preenchimento das vagas de maior responsabilidade é, no mínimo, temerário.

Opor-se é perpetuar as condições para que organizações e pessoas concebidas e preparadas especificamente para "sair bem na foto" ocupem cargos e funções que podem comprometer a integridade do Estado.

É valorizar pessoas sem interesse no seu próprio aperfeiçoamento e na construção de um estado forte. Pessoas que usam, mas não servem ao Estado.

É desvalorizar servidores que dedicam seus melhores esforços para a construção de um Estado forte e de um funcionalismo eficiente servindo aos mais nobres interesses da Nação.