terça-feira, 28 de março de 2006

E o Brasil foi pro espaço...


Esperava por este momento há tantos anos que, agora que ele finalmente aconteceu, não consigo descrever a sensação de decepção que se apoderou de mim.
Talvez por saber que afinal, o primeiro brasileiro a deixar a atmosfera a bordo de uma nave espacial, só conseguiu fazê-lo por uma conjunção de fatores que por se repetirem com tanta freqüência só vêm confirmar nossa decepção com os rumos de nossa nação.
Deveríamos ter um assento no ônibus espacial graças à nossa colaboração como membro da elite tecnológica que está construindo a Estação Orbital Internacional. Mas não mostramos competência para construir as poucas peças que nos foram designadas e por isso, perdemos a vez.
Mas, nosso governo, sob a égide de lideranças de arguta visão e pensamento voltado para o futuro, antevendo os frutos que podem advir da participação do Brasil na corrida espacial não pode deixar que o “foguete” da história passe e COMPRA a passagem de nosso corajoso viajante das estrelas por U$10.000.000,00 (dez milhão de dólares).
Mas afinal o que são míseros milhãozinho quando é o futuro está em jogo?
Em tempo, o “futuro” em todos estes casos não vai além de 43 de outubro, onde a folhinha marca “ELEIÇÕES”.
Nada em investimento em tecnologia para que nossos cientistas possam fazer pesquisa.
Nada em investimento de mão-de-obra para melhorar salários de professores, pesquisadores, cientistas e técnicos, para que possam se dedicar em tempo integral a suas atividades.
Nada em sistemas de educação de base com eficácia duradoura na construção de uma geração livre do flagelo do analfabetismo, da falta de educação e cultura.
Nada para acabar com as desigualdades sociais doentias cujas conseqüências atormentam a população sob tantas formas.
Pois é, um brasileiro vai para o espaço, o país já foi faz tempo.
Quem sabe ele não encontra o Brasil por lá.

sexta-feira, 10 de março de 2006

F1 – 2006, começa a briga.


Rubinho na Honda, será que dessa vez vai?

Nunca vi a Honda entra numa briga que não fosse para ganhar.

Quando o Senna corria pela McLaren com motor Honda o investimento da fábrica nos motores da equipe era fantástico. E depois de pouco tempo ela já havia desbancado os então insuperáveis turbos da Renault.

Agora, ela não só empresta seus motores, mas coloca seu nome a prêmio.

Rubinho não é um piloto que se possa chamar de arrojado, apesar de algumas corridas brilhantes ele está mais para Berger que para Senna.

Jenson Button, seu companheiro de equipe, apesar de um começo de carreira promissor, não correspondeu às expectativas e parece que vai continuar sendo apenas isso, uma promessa.

Assim, não é de se surpreender que nesta primeira parte do campeonato a Honda esteja em pequena vantagem que pode colocá-la na briga pelo título e quem sabe levar Rubinho a brigar de verdade pelo título. Pelo menos isso.

De Massa não se espere mais do que uma temporada mediana. Nunca houve e nem haverá piloto que possa enfrentar a arrogância e presunção de Schumacher.

E com todo respeito ao que já fez Alonso e ao que sempre promete Räikkonen, enquanto Schumacher estiver na Fórmula 1 ele sempre será favorito. Gostemos ou não.

Já se pode decretar que a era Schumacher acabou.

O que virá depois só vamos saber a partir deste domingo, 8h30.

Gentlemans, start your engines...

quinta-feira, 9 de março de 2006

Pragas Urbanas I

Viver em cidades tem suas vantagens. Saúde, educação, lazer, comunidade.

Mas elas vêm acompanhadas de algumas pragas que insistem em nos atormentar.

São aquelas pequenas coisas que, quer seja pelo nosso amortecimento social ou pela inépcia das autoridades constituídas, vão se tornando mais e mais corriqueiras e passam a compor o panorama de nossas vidas em sociedade.

Um desses nefastos exemplos está caracterizado na figura do “flanelinha”, o guardador de carros.

Costumo comparar esta figura do cenário metropolitano com o catador de papel.

O catador é um trabalhador – apesar de ser um autônomo da informalidade, o seu trabalho se constituí de uma efetiva prestação de serviço à comunidade mediante uma remuneração.

O “flanelinha” é um marginal que, se valendo da exploração ilegal de um espaço público, faz uso da extorsão para auferir lucros.

Que serviço ele presta? Que bem o seu trabalho têm para a comunidade?

Não significa que todos os que se dedicam a esta atividade ilegal sejam criminosos. Em absoluto. Muitos são os que por falta de opção passam a atuar à margem da legalidade com o justo propósito de sustentar suas famílias.

Mas o espaço das ruas onde estacionamos nossos veículos é público e portanto não pode ser objeto de exploração comercial sem regulamentação legal (e em muitos casos como o das zonas-azuis já são). Assim, ninguém pode nos cobrar adicional para estacionar o veículo.

Mas estes profissionais do ilícito asseguram que estão cobrando “proteção”. Proteção contra furtos, roubo, vandalismo. Ora, é exatamente esse comécio da proteção que tornou os mafiosos famosos. Atualmente muitos traficantes têm usado tal prática para manter cativo seus redutos.

E é porque já está arraigado na memória popular que quem não paga, “paga mais caro”, é que a extorsão funciona.

Pagamos porque temos medo de que sejam eles mesmos os maiores agressores de nosso patrimônio.

Não é raro ver pessoas, principalmente mulheres, serem intimidadas e moralmente agredidas por estes indivíduos que se acham no direito de exigir pagamento por sua extorsão.

Mas porque todos nós ficamos com a consciência culpada, afinal “eu ainda tenho carro enquanto o coitadinho nem emprego tem”, vamos aceitando e cedendo a esta coerção imoral.

Não se deve abandonar os excluídos à própria sorte, mas tolerar mesmo as pequenas infrações que se avolumam no dia-a-dia só nos torna incapazes de agir com o rigor e rapidez necessário quando infrações maiores são praticadas.

Basta de flanelinhas, basta de guardadores. Não dê esmolas.

Em vez disso lembre-se que você é um cidadão e, como tal, tem não apenas o direito mas o dever de exigir que as autoridades tomem providências para tornar as ruas seguras e oferecer assistência aos necessitados.