terça-feira, 30 de maio de 2006

À espera de um milagre...

"Não se pode vencer a escuridão com mais escuridão.
Não se pode vencer a violência com mais violência."
Martin Luther King

Não é preciso dizer muito mais a respeito da violência que prolifera nas grandes cidades, mas que em diferentes graus de intensidade está presente em nossas cidades, em nossos bairros.
Não tenho respostas prontas e creio que mesmo a maioria dos especialista não as têm, mas já é hora de dar um basta a este caos e descontrole.
Os problemas começam em nosso gritante desnível social, passa pela falta de cultura e educação de todos os extratos da população e esbarra na falta de vontade política de nossos governantes.
Como disse o poeta Caetano Veloso:

"Será que nunca faremos senão confirmar,
a incompetência da américa católica,
que sempre precisará de ridículos tiranos..."

Sejam elas do PT ou do PCC ou de qualquer partido, coligação ou entidade, basta de sermos escravos de sua falta de escrúpulos e de seu egoísmo.
Não pedimos muito, queremos apenas que nossas famílias possam viver e trabalhar em paz e segurança.
É pedir muito?

terça-feira, 23 de maio de 2006

Conhecimento X Sabedoria

Certa vez um bom amigo e eu estávamos postados às margens do Rio Cuiabá com nossas varas de fibra de carbono, nossos molinetes e iscas artificiais regalando-nos do prazer de desfrutar um dia de pesca esportiva junto à natureza exuberante daquela região.
Mal havíamos nos preparado para o desfrute e diante de nós passou uma tosca embarcação de madeira cunhada a machadinha na tora de uma árvore. À moda indígena tinha um velho e mulato caboclo conduzindo a embarcação com um remo entalhado.
Mesmo muito magro o peso do velho impunha ao barco um desnível que na linha d’água de modo que a pequena criança postada à proa parecia mais um adorno do que um tripulante.
- Diiia! – cumprimentou o velho com voz contida e sotaque carregado.
- BOM DIA! – respondemos quase em uníssono com nossas vozes carregadas de surpresa de ver alguém com disposição suficiente para arriscar uma manhã tão linda de domingo numa canoa lenta e insegura.
Quando pouco depois o barco sumiu por detrás da vegetação ribeirinha olhamo-nos com um misto de pena e desprezo por aquela criatura sem cultura que almejava enfrentar a natureza munida apenas de parcos e rústicos equipamentos.
Após algum tempo nossa euforia matinal já estava amortecida pelo sol que então já se fazia alto. Nosso acervo de piadas tolas esvaíra-se na velocidade inversa com que aumentava nosso “estoque” de peixes que agora contabilizava a irrisória quantia de um raquítico "piau" e um pequeno "lambari".
Neste momento, desta vez descendo o rio, novamente a canoa passou. Sem surpresa pude reparar melhor. O homem não era assim tão velho. Marcado pela dura lida no campo sim, mas a pele vincada era mais uma mostra de que sua aparente magreza era mais um corpo definido e modelado pelo incessante trabalho físico do que pela falta de uma dieta mais rica.
O jovem à frente do barco era sem dúvida muito jovem, mas trazia no rosto a expressão de quem já conseguia enxergar o horizonte não mais com os olhos sonhadores de uma criança, mas com lucidez e esperança.
Meu amigo não pode conter sua curiosidade e perguntou: - E então, como foi a pescaria?
- Mal. - respondeu o barqueiro com certo tom de desânimo na voz – Só pegamos um "Pintado" e dois "Pacus".
Não dissemos mais nenhuma palavra. Ficamos apenas olhando o barco sumir na curva do rio. E quando nos fitamos novamente só fomos capazes de rir abundantemente da ironia da situação. Recolhemos nosso orgulho esparramado pelo chão junto com as tralhas de pesca e fomos nos dedicar a tarefas mais afeitas a nossa competência, quer seja, beber umas cervejas, comer um churrasco e rir de nosso inútil conhecimento diante daquela demonstração de sabedoria.

sexta-feira, 19 de maio de 2006

Em defesa do código

Depois do estrondoso sucesso literário, estreou nos cinemas o Código da Vinci.
Não importa muito se terá sucesso de bilheteria ou de crítica, o maior desafio que o título poderia vencer já foi conquistado.
Levar às pessoas a refletir sobre dogmas que são aceitos com verdades absolutas já é uma grande realização.
Código é um conjunto de leis ou regulamentos.
O que a ficção do “Código da Vinci” realiza com sucesso é mostrar que o “Código de Jesus” continua atual e incorruptível. Ele está fundamentado nas lições morais que ele legou à posteridade e não está consubstanciado na sua existência material, na sua vida privada.
O maior legado da vida de Jesus permanece inatacável, sua mensagem de amor e tolerância.
Os fatos relativos à sua figura histórica são tão escassos quanto irrelevantes. Se ele se casou e teve filhos, ou até mesmo se morreu crucificado ou não, são questões interessantes, mas menos importantes que suas lições de moralidade.
A polêmica em torno da ficção criada por Dan Brown só reforça o apego que as pessoas tem às aparências, algo que o próprio Cristo condenou na figura dos fariseus.
Revestir Jesus de características humanas não o diminui, ao contrário o enobrece.
É mais fácil ser puro e bom quando se é um Super-Humano, O próprio filho de Deus.
Muito mais difícil é trilhar o caminho do amor e da retidão sendo apenas um reles mortal.
Recentes descobertas históricas propõem uma reavaliação do papel de Judas na condenação do Cristo. Ele pregou o amor e o perdão, mas seus seguidores em dois mil anos de história ainda não foram capazes de perdoar aquele que o teria traído.
Contra-senso? Ou apenas o respeito ao princípio: “Faça o que eu digo, não faça o que eu faço”...
Ao elevá-lo a um patamar inalcançável à natureza humano, criamos obstáculos intransponíveis para cumprirmos seus ensinamentos.
Ao contrário de nós, ele podia realizar grandes coisas pois era mais que humano.
Nos somos incapazes de viver em paz porque somos apenas humanos.
Somos incapazes de perdoar porque somos apenas humanos.
Somos incapazes de amar como Jesus porque somos apenas humanos.
Mas se ele foi apenas um humano, iluminado sim, mas humano então temos esperança de um dia construir o mundo que ele sonhou para nós.
Então vamos deixar de polêmica.
Vamos nos divertir com o "Código da Vinci" e vamos viver o "Código de Jesus".

terça-feira, 2 de maio de 2006

Nova Visão sobre o Consultor

Uma empresa freqüentemente nasce pela coragem e determinação de um empreendedor, cresce pela força do trabalho gerando um contínuo processo de burocratização até que, num belo dia, o dito empreendedor se descobre empresário, responsável por um amplo conjunto de atividades que o sufocam e o impedem de cuidar do "negócio" da empresa propriamente dito.
Uma alternativa muito comum, por exemplo, é decidir pela compra de um computador no qual "se joga tudo lá dentro e sai prontinho". Mas quando começa a perceber o que existe por trás da compra de um computador, ele simplesmente desiste ou acaba investindo seu escasso capital com uma ponta de receio de estar sendo ludibriado.
O mais sensato seria contratar um consultor, ou uma empresa de consultoria para auxiliar o empresário a tomar um caminho seguro e promissor, afinal, quando penetramos em um território que nos é adverso temos que nos munir de armas e acessórios que garantem a nossa sobrevivência.
Ora, quando vamos ao médico e o ouvimos dizer que precisamos fazer isso ou aquilo para nos curarmos de uma indisposição, o mesmo sentimento acima exposto nos acomete. Ou desistimos do tratamento por considerá-lo muito caro ou muito sacrificante, ou nos submetemos a ele com uma ponta de desconfiança. Se o tratamento não surte efeito logo esbravejamos que o médico estava errado e que a receita do vizinho era mais eficaz. Nunca nos lembramos que não seguimos a risca a receita ou ainda que ocultamos algumas peculiaridades que impediram um diagnóstico preciso. Mas se nos curamos, gostamos de ressaltar que aquele "chazinho da vovó" foi crucial para a recuperação.
Com uma empresa não é diferente. Se a considerarmos como um organismo vivo, mutável segundo as leis sócio-econômicas e sensível ao meio ambiente, veremos que a analogia é perfeitamente cabível.
O empresário freqüentemente recorre aos consultores quando sua empresa atravessa dificuldades dos mais variados portes e com mais freqüência ainda reluta em pagar pelo tratamento ou ainda segui-lo com a rigidez necessária para o seu sucesso.
Há exceções é claro, e se não houvessem certamente não haveriam mais profissionais dedicados ao trabalho de consultoria de empresas, e se houvessem, seriam apenas mercenários movidos pelo dinheiro.
E pode-se constatar que a maioria é de profissionais movidos principalmente pelo ideal do trabalho honesto e objetivo. São homens que fazem da excelência da técnica e da aplicação objetiva de teorias o seu dia-a-dia, o seu ganha pão.
O empresário deve ter em mente que todo indivíduo tem suas limitações o que faz do trabalho de equipe, to injustamente discriminado neste país, a melhor ferramenta para a solução de problemas.
A empresa faz parte da vida do empresário, é o seu negócio, e certamente ninguém melhor do que ele para conhecer seus problemas e suas necessidades. Mas este cotidiano freqüentemente causa miopia, que como no caso da doença propriamente dita, facilmente passa despercebida sendo notada apenas quando muitas cores e formas, muitas oportunidades enfim, já se perderam para sempre nas brumas do passado.
Para combater a miopia só há duas alternativas: ou nos submetemos a uma cirurgia, mais traumática e custosa (contratamos ou elegemos funcionários que seriam treinados para produzir soluções caseiras para os problemas da empresa, correndo o risco de não alcançar o resultado desejado), ou aderimos à muleta representada pelos óculos ou lentes de contato dos mais variados tipos e formas, que não representam uma cura, mas que oferecem uma solução imediata com menos traumas e custos, apesar do inconveniente de serem permanentes (uma consultoria externa é uma solução rápida e freqüentemente mais barata, mas que causa dependência quase permanente).
O empresário deve avaliar o custo-benefício de cada alternativa e escolher a que mais lhe convém.
O consultor por sua vez também tem suas limitações, ele não pode e não consegue ser suficientemente precisão em suas observações e no seu diagnóstico sem o auxílio do empresário. Uma empresa, sem o espírito do empresário, torna-se um grande aglomerado de pessoas e produtos, expressivos apenas através de gráficos de receitas e despesas.
A colaboração, e acima de tudo, a confiança e o respeito mútuo, é vital para o sucesso do empreendimento.
Mas como assegurar essa situação? Como saber se o consultor possui o perfil que garanta tal relacionamento construtivo?
Não existem regras definitivas e o bom senso acaba demonstrando novamente sua importância. Critérios tradicionalmente empregados para definir a competência de um fornecedor podem minimizar os riscos.
Quando escolhemos um médico para cuidar de nossa saúde levamos em conta não apenas a sua eficiência no atendimento e cura de seus pacientes, ou seja, sua competência. Fatores to variados como a localização do seu consultório, sua disponibilidade de horário, rapidez no atendimento, simpatia, amabilidade, objetividade, sinceridade, seu currículo e o preço de sua consulta são também considerados.
São fatores variados, mas que se agregam firmemente formando o que os especialistas em marketing denominam MIX de produtos. O produto propriamente dito é a cura, pois é o que desejamos obter quando procuramos o médico, é o produto tangível. Todos os demais elementos são agregados intangíveis do produto. Mesmo quando já nos submetemos ao tratamento temos dúvida se conseguiremos ou não obter o produto que buscamos.
Analogamente o trabalho dos consultores tem a mesma característica de serem intangíveis, não serem sólidos. Mesmo as planilhas e gráficos, os relatórios e conclusões do profissional parecem incompreensíveis, como as receitas médicas. Somente os resultados que se sobressaem de sua aplicação podem ser percebidos com clareza, por isso o receio do empresário em aceitar o trabalho do consultor. Simplesmente por que o resultado só poderá ser totalmente compreendido e visualizado quando for "tarde demais".
Dessa forma, somente o emprego de critérios como os que nos levam a escolher um médico, por exemplo, pode nos levar a escolher um consultor.
Acima de tudo o empresário deve ter em mente que não há cura para quem não quer ser curado.
Nem deve iludir-se acreditando que exista uma fórmula mágica para curar todos os males de sua empresa. Cada caso deve ser avaliado sem preconceitos pelo "médico" e pelo "paciente".