sexta-feira, 19 de maio de 2006

Em defesa do código

Depois do estrondoso sucesso literário, estreou nos cinemas o Código da Vinci.
Não importa muito se terá sucesso de bilheteria ou de crítica, o maior desafio que o título poderia vencer já foi conquistado.
Levar às pessoas a refletir sobre dogmas que são aceitos com verdades absolutas já é uma grande realização.
Código é um conjunto de leis ou regulamentos.
O que a ficção do “Código da Vinci” realiza com sucesso é mostrar que o “Código de Jesus” continua atual e incorruptível. Ele está fundamentado nas lições morais que ele legou à posteridade e não está consubstanciado na sua existência material, na sua vida privada.
O maior legado da vida de Jesus permanece inatacável, sua mensagem de amor e tolerância.
Os fatos relativos à sua figura histórica são tão escassos quanto irrelevantes. Se ele se casou e teve filhos, ou até mesmo se morreu crucificado ou não, são questões interessantes, mas menos importantes que suas lições de moralidade.
A polêmica em torno da ficção criada por Dan Brown só reforça o apego que as pessoas tem às aparências, algo que o próprio Cristo condenou na figura dos fariseus.
Revestir Jesus de características humanas não o diminui, ao contrário o enobrece.
É mais fácil ser puro e bom quando se é um Super-Humano, O próprio filho de Deus.
Muito mais difícil é trilhar o caminho do amor e da retidão sendo apenas um reles mortal.
Recentes descobertas históricas propõem uma reavaliação do papel de Judas na condenação do Cristo. Ele pregou o amor e o perdão, mas seus seguidores em dois mil anos de história ainda não foram capazes de perdoar aquele que o teria traído.
Contra-senso? Ou apenas o respeito ao princípio: “Faça o que eu digo, não faça o que eu faço”...
Ao elevá-lo a um patamar inalcançável à natureza humano, criamos obstáculos intransponíveis para cumprirmos seus ensinamentos.
Ao contrário de nós, ele podia realizar grandes coisas pois era mais que humano.
Nos somos incapazes de viver em paz porque somos apenas humanos.
Somos incapazes de perdoar porque somos apenas humanos.
Somos incapazes de amar como Jesus porque somos apenas humanos.
Mas se ele foi apenas um humano, iluminado sim, mas humano então temos esperança de um dia construir o mundo que ele sonhou para nós.
Então vamos deixar de polêmica.
Vamos nos divertir com o "Código da Vinci" e vamos viver o "Código de Jesus".

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