terça-feira, 2 de maio de 2006

Nova Visão sobre o Consultor

Uma empresa freqüentemente nasce pela coragem e determinação de um empreendedor, cresce pela força do trabalho gerando um contínuo processo de burocratização até que, num belo dia, o dito empreendedor se descobre empresário, responsável por um amplo conjunto de atividades que o sufocam e o impedem de cuidar do "negócio" da empresa propriamente dito.
Uma alternativa muito comum, por exemplo, é decidir pela compra de um computador no qual "se joga tudo lá dentro e sai prontinho". Mas quando começa a perceber o que existe por trás da compra de um computador, ele simplesmente desiste ou acaba investindo seu escasso capital com uma ponta de receio de estar sendo ludibriado.
O mais sensato seria contratar um consultor, ou uma empresa de consultoria para auxiliar o empresário a tomar um caminho seguro e promissor, afinal, quando penetramos em um território que nos é adverso temos que nos munir de armas e acessórios que garantem a nossa sobrevivência.
Ora, quando vamos ao médico e o ouvimos dizer que precisamos fazer isso ou aquilo para nos curarmos de uma indisposição, o mesmo sentimento acima exposto nos acomete. Ou desistimos do tratamento por considerá-lo muito caro ou muito sacrificante, ou nos submetemos a ele com uma ponta de desconfiança. Se o tratamento não surte efeito logo esbravejamos que o médico estava errado e que a receita do vizinho era mais eficaz. Nunca nos lembramos que não seguimos a risca a receita ou ainda que ocultamos algumas peculiaridades que impediram um diagnóstico preciso. Mas se nos curamos, gostamos de ressaltar que aquele "chazinho da vovó" foi crucial para a recuperação.
Com uma empresa não é diferente. Se a considerarmos como um organismo vivo, mutável segundo as leis sócio-econômicas e sensível ao meio ambiente, veremos que a analogia é perfeitamente cabível.
O empresário freqüentemente recorre aos consultores quando sua empresa atravessa dificuldades dos mais variados portes e com mais freqüência ainda reluta em pagar pelo tratamento ou ainda segui-lo com a rigidez necessária para o seu sucesso.
Há exceções é claro, e se não houvessem certamente não haveriam mais profissionais dedicados ao trabalho de consultoria de empresas, e se houvessem, seriam apenas mercenários movidos pelo dinheiro.
E pode-se constatar que a maioria é de profissionais movidos principalmente pelo ideal do trabalho honesto e objetivo. São homens que fazem da excelência da técnica e da aplicação objetiva de teorias o seu dia-a-dia, o seu ganha pão.
O empresário deve ter em mente que todo indivíduo tem suas limitações o que faz do trabalho de equipe, to injustamente discriminado neste país, a melhor ferramenta para a solução de problemas.
A empresa faz parte da vida do empresário, é o seu negócio, e certamente ninguém melhor do que ele para conhecer seus problemas e suas necessidades. Mas este cotidiano freqüentemente causa miopia, que como no caso da doença propriamente dita, facilmente passa despercebida sendo notada apenas quando muitas cores e formas, muitas oportunidades enfim, já se perderam para sempre nas brumas do passado.
Para combater a miopia só há duas alternativas: ou nos submetemos a uma cirurgia, mais traumática e custosa (contratamos ou elegemos funcionários que seriam treinados para produzir soluções caseiras para os problemas da empresa, correndo o risco de não alcançar o resultado desejado), ou aderimos à muleta representada pelos óculos ou lentes de contato dos mais variados tipos e formas, que não representam uma cura, mas que oferecem uma solução imediata com menos traumas e custos, apesar do inconveniente de serem permanentes (uma consultoria externa é uma solução rápida e freqüentemente mais barata, mas que causa dependência quase permanente).
O empresário deve avaliar o custo-benefício de cada alternativa e escolher a que mais lhe convém.
O consultor por sua vez também tem suas limitações, ele não pode e não consegue ser suficientemente precisão em suas observações e no seu diagnóstico sem o auxílio do empresário. Uma empresa, sem o espírito do empresário, torna-se um grande aglomerado de pessoas e produtos, expressivos apenas através de gráficos de receitas e despesas.
A colaboração, e acima de tudo, a confiança e o respeito mútuo, é vital para o sucesso do empreendimento.
Mas como assegurar essa situação? Como saber se o consultor possui o perfil que garanta tal relacionamento construtivo?
Não existem regras definitivas e o bom senso acaba demonstrando novamente sua importância. Critérios tradicionalmente empregados para definir a competência de um fornecedor podem minimizar os riscos.
Quando escolhemos um médico para cuidar de nossa saúde levamos em conta não apenas a sua eficiência no atendimento e cura de seus pacientes, ou seja, sua competência. Fatores to variados como a localização do seu consultório, sua disponibilidade de horário, rapidez no atendimento, simpatia, amabilidade, objetividade, sinceridade, seu currículo e o preço de sua consulta são também considerados.
São fatores variados, mas que se agregam firmemente formando o que os especialistas em marketing denominam MIX de produtos. O produto propriamente dito é a cura, pois é o que desejamos obter quando procuramos o médico, é o produto tangível. Todos os demais elementos são agregados intangíveis do produto. Mesmo quando já nos submetemos ao tratamento temos dúvida se conseguiremos ou não obter o produto que buscamos.
Analogamente o trabalho dos consultores tem a mesma característica de serem intangíveis, não serem sólidos. Mesmo as planilhas e gráficos, os relatórios e conclusões do profissional parecem incompreensíveis, como as receitas médicas. Somente os resultados que se sobressaem de sua aplicação podem ser percebidos com clareza, por isso o receio do empresário em aceitar o trabalho do consultor. Simplesmente por que o resultado só poderá ser totalmente compreendido e visualizado quando for "tarde demais".
Dessa forma, somente o emprego de critérios como os que nos levam a escolher um médico, por exemplo, pode nos levar a escolher um consultor.
Acima de tudo o empresário deve ter em mente que não há cura para quem não quer ser curado.
Nem deve iludir-se acreditando que exista uma fórmula mágica para curar todos os males de sua empresa. Cada caso deve ser avaliado sem preconceitos pelo "médico" e pelo "paciente".

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