quarta-feira, 22 de fevereiro de 2006

O ovo e a galinha

Freqüentemente perdemos tempo com discussões que nos parecem revestidas de singular importância e que na mais das vezes são totalmente insignificantes.

Em outras, ignoramos as evidências por considerar a pergunta impertinente.

Um exemplo simples é a velha e surrada pergunta: “- O que veio primeiro: o ovo ou a galinha?”

Pois bem, ao contrário do que possa parecer, essa não é uma pergunta cuja resposta seja impertinente e inadequada como o senso comum costuma julgar. A resposta comum de que “tanto faz” ou ainda de que “isso ninguém nunca vai saber” demonstram apenas que mais do que respostas, falta aos homens a capacidade de fazer as perguntas certas.

É por isso que muitas vezes ficamos insatisfeitos com as respostas que encontramos. Não fomos capazes de fazer a pergunta certa.

Usando a questão galinácea para exemplificar, fica claro que o que temos é uma pergunta mal formulada.

Esta questão de relevante significado científico já foi a muito respondida.

Antes que algum animal de nossa vasta fauna viesse a se constituir dos elementos morfológicos que o distinguiriam naquilo que viemos a chamar de “galinha” já haviam muitos outros animais ovíparos na natureza. Os dinossauros se reproduziam através de ovos e os répteis o fazem ainda. E como naquele período da história não haviam galinhas, os ovos, como produto da natureza vieram a lume antes que a galinha o fizesse.

Se no entanto, tivéssemos perguntado: “- O que veio primeiro: o ovo de galinha ou a galinha?”, então teríamos uma resposta totalmente diferente pois para que um ovo pudesse ser chamado de “ovo de galinha” seria preciso que este animal já existisse na natureza e portanto, a galinha teria surgido primeiro.

Mas o propósito de discutir esse assunto, com o perdão do trocadilho, “penoso”; é nos fazer questionar sobre a necessidade de romper com o paradigma que nos faz insistir em pensar que algumas perguntas não devem ser feitas ou não merecem respostas.

Se tivermos em mente que perguntas claras e precisas sempre terão respostas objetivas, podemos argumentar que assim também os problemas podem ser distinguidos e resolvidos.

E isso vale para tudo na vida. Seja na hora de escolher os ingredientes para o jantar, o destino das férias, onde investir o orçamento do governo, como dirimir conflitos políticos supra-nacionais.

Porque têm gente passando fome quando tanto alimento é jogado fora?
Porque os preços dos carros sobem quando o dólar cai e sobem mais ainda quando o dólar dispara?
Porque políticos não vão para a cadeia?

Pensando bem, não nos faltam respostas, as perguntas é que estão erradas.

Nenhum comentário: